Seiya contra Thor? Entenda a relação de Cavaleiros do Zodíaco com a Mitologia Nórdica
- Catharine Ferreira
- 27 de jan. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2024

Para aqueles que não são tão fanáticos por Saint Seiya é difícil lembrar que existe uma conexão entre a franquia e figuras da mitologia nórdica como Odin e Thor — e isso é compreensível, afinal, não é exagero dizer que a maior parte dos fãs já passou dos 40.
O anime, que conta a história de um grupo de jovens responsáveis por proteger a reencarnação da deusa Atena, costuma criar releitura dos mitos através de golpes de luta, armaduras e até mesmo com personagens que encarnam outras religiões. Sendo curioso, inclusive, a inserção de elementos do catolicismo e budismo em determinados arcos.
Um bom exemplo é o filme Guerreiros do Armagedon (1989) que dá sequência aos acontecimentos da saga de Poseidon e do filme com a deusa Éris, Saint Seiya: O Santo Guerreiro (1987). Na trama, Seiya e seus amigos precisam impedir que Lúcifer destrua a terra, o que só acontece por esforço dos vilões derrotados em sagas anteriores.
No entanto, essa receita utilizando os deuses nórdicos chegou a ser replicada três vezes ao longo da trama de Seiya, Shiryu, Shun, Ikki e Hyoga. Começando com o filme a Grande Batalha dos Deuses (1988), passando pela saga de Asgard (1989) —um arco filler, cujo a recepção dos fãs é o suficiente para considerá-la um caso bem sucedido em sua tarefa de prolongar a obra —-e finalmente chegando em 2015, com o fracassado Soul of Gold.
O texto de hoje remonta um pouco dessa trajetória, trazendo detalhes sobre a criação dos “Guerreiros Deuses” para a saga de Asgard e a recepção do público brasileiro a cada um desses projetos.
A Grande Batalha dos Deuses (1988/1995)

Apesar de só ter chegado ao Brasil quase 10 anos após seu lançamento no Japão, desembarcando em terras brasileiras em junho de 1995, A Grande Batalha dos Deuses foi considerado um sucesso de público. A FlashStar Home Video, uma das distribuidoras responsáveis pela obra, vendeu mais de 300 mil cópias para locadoras da época.
A história começa com o desaparecimento de Hyoga de Cisne, que estava em missão para descobrir mais informações sobre uma suposta “Guerra dos Deuses”. Em busca do companheiro de batalha, Saori, Seiya e seus amigos decidem ir a Asgard,terra dos deuses do extremo norte da Europa, onde Hyoga foi visto pela última vez.
Saga de Asgard (1989)

Apesar de não ser o ponto mais antigo dessa história , a Saga de Asgard foi com certeza o momento mais bem sucedido dele. Na trama, Hilda de Polaris é a sacerdotisa de Odin e governa Asgard sob a influência de Poseidon, o que a leva a tomar atitudes estranhas.
Com um comportamento cruel e impiedoso que choca seus súditos mais próximos, Hilda decide declarar guerra a Atena atendendo aos desejos do deus dos mares. Os Cavaleiros de Bronze enfrentam os Guerreiros Deuses de Asgard para libertar Hilda do controle de Poseidon e assim restaurar a paz naquela região.
Um ponto importante a se destacar é que os arcos formados por fillers, normalmente odiados por muitos, podem acabar fugindo completamente da história canônica e criar uma sensação de perda de tempo nos telespectadores, que assistem a trama sem ver um real desenvolvimento. Mas apresentar o inimigo do arco seguinte e trazer personagens marcantes ajudou a cativar o público.
O ritmo da saga remonta o que havia sido criado no mangá para a temporada de Poseidon, o que pode ter sido um dos fatores responsáveis por tornar o final do anime mais repetitivo. No entanto, para quem seguiu a sequência de estreia dos episódios em animação, ajudou a criar um vínculo maior com Asgard. Os personagens eram apresentados por episódios e tinham bastante tempo de tela para se desenvolver. Além disso, os novos golpes tinham ligação com a história deles e da mitologia nórdica.
Conheça os Guerreiros Deuses de Asgard
Thor (Guerreiro Deus de Phecda, Estrela Gama da constelação de Ursa Maior)

Assim como o deus nórdico, sua principal arma é o martelo Mjöllnir (Mjolnir). Mas curiosamente, o golpe que o guerreiro mais utiliza é o Hércules Titânico, unindo elementos das duas narrativas mitológicas. Seiya de Pegaso, apesar de derrotá-lo, admite que Thor foi o homem mais forte que ele havia enfrentado desde então.
Fenrir (Guerreiro Deus de Alioth, Estrela Épsilon da constelação de Ursa Maior)

Salvo por uma alcatéia de lobos após perder seus pais na infância para um imenso urso, Fenrir desenvolveu uma profunda desconfiança em relação aos humanos. Em um confronto com Shiryu de Dragão, ele quase tira a vida do guerreiro com o auxílio de seus companheiros lupinos.
Hagen (Guerreiro Deus de Merak, Estrela Beta da constelação de Ursa Maior)

Um dos guerreiros mais leais a Hilda, juntamente com Siegfried.Domina tanto o fogo quanto o gelo. Luta com Hyoga de Cisne , mas acaba perdendo, não acreditando que Hilda estava enfeitiçada. Seus golpes são a Força Congelante e o Raio de Fogo.
Mime (Guerreiro Deus de Benetnasch, Estrela Eta da constelação de Ursa Maior)

Mime empunha uma Harpa de Arco como sua arma de escolha e desfere o golpe conhecido como Réquiem de Cordas. Após esse trágico incidente, ele reprimiu suas emoções, tornando-se aparentemente insensível. No entanto, durante um confronto com Ikki de Fênix, o combatente se viu consumido pelo remorso por seus pecados.
Shido (Guerreiro Deus de Mizar, Estrela Zeta da constelação de Ursa Maior)

É o único guerreiro deus a enfrentar um cavaleiro de ouro, a mais alta patente do exército de Atena. Entre seus companheiros, é o primeiro a aparecer em batalha na trama, enfrentando Aldebaran de Touro. Seus golpes são o Impulso Azul e as Garras do Tigre Negro. Shido também tem uma história complexa com seu irmão gêmeo, Bado.
Bado (Guerreiro Deus de Alcor, Estrela Zeta da constelação de Ursa Maior)

Abandonado na infância devido à crença de que gêmeos traziam má sorte em Asgard, cresceu sozinho enquanto o irmão, Shido, teve o apoio da família. Embora sempre participe nos ataques ao lado de seu irmão, raramente é visto. Sua presença só se revela quando Ikki inflige danos significativos a seu irmão, uma vez que Bado precisa agir como sua sombra o tempo inteiro.
Alberich (Guerreiro Deus de Megrez, Estrela Delta da constelação de Ursa Maior)

Entre suas técnicas de combate estão a Couraça de Ametista, a Espada de Fogo e a Unidade da Natureza. O guerreiro era o único que sabia dos planos de Poseidon, reconhecendo a mudança no comportamento de Hilda e se valendo disso para tentar usurpar o seu poder. Alberich é derrotado por Shiryu antes que possa concretizar o seu objetivo.
Siegfried (Guerreiro Deus de Dubhe, Estrela Alfa da constelação de Ursa Maior)

Apesar de ser um dos guerreiros mais fiéis a Hilda, Siegfried possui uma das cenas mais interessantes junto aos personagens da saga seguinte. Já debilitado do confronto com Seiya, ele recebe ajuda de Sorento de Sirene (um general marina, parte do exército de Poseidon). Mas acaba desistindo durante o conflito e lança um ataque final suicida, desaparecendo no horizonte junto com Sorento. Suas técnicas incluem a Espada de Odin e o Vendaval do Dragão.
Soul of Gold (2015)

Odiados por muitos, o novo arco não-canônico de Saint Seiya teve como personagens principais os amados Cavaleiros de Ouro e deu sequência aos conflitos enfrentados pelo reino dos mortos durante a saga de Hades. Na trama, depois de sacrificarem suas vidas para derrubarem o Muro das Lamentações, os doze dourados reencarnam de forma misteriosa em Asgard, com um novo inimigo esperando por eles.
Tido como fanservice, a animação foi criticada pela falta de qualidade dos traços e pelo roteiro apressado, algo incomum para animes de poucos episódios como foi o caso. Além de seguir um padrão de trabalhar com mais cuidado apenas os quadros mais fechados com grande importância para a narrativa, deixando de lado proporção e fluidez em planos mais abertos da batalha, a história incluiu mais personagens e conflitos do que conseguiria dar conta.
Assim, apresentou um novo grupo de guerreiros deuses sem profundidade e acaba com a sensação de não ter explicado o suficiente sobre o que trouxe os cavaleiros até Asgard e nem as motivações iniciais do conflito, ficando preso no clichê batido de dominação da terra por poder.
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