LISTA I 10 filmes para assistir na Mubi
- Vitor Rocha
- 9 de mai. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2024

Conhecida como o “streaming dos cinéfilos”, a Mubi foi criada em 2007 por Efe Cakarel, como uma rede social de cinema. Foi somente em 2012 que o serviço passou a abarcar os filmes sob demanda. O catálogo, diferente de outras empresas do segmento, oferece obras baseadas em uma curadoria especializada para atender um tipo de público um pouco menos casual. Dessa forma, a Mubi traz diversos filmes excelentes que você não encontraria na maioria dos outros streamings.
Amor à Flor da Pele (2000)

Reprodução: Amor à Flor da Pele
Partindo do cinema de fluxo da virada do século, movimento marcado pela narrativa estilizada e fragmentada, manipulando a percepção do tempo e espaço, o cinema de Hong Kong criou um dos melhores filmes deste século. “Amor à Flor da Pele", dirigido por Wong Kar-Wai, oferece um dilema moral que surge a partir da manifestação do desejo entre dois vizinhos que descobrem que seus parceiros estão os traindo entre eles.
Dessa forma, acompanhamos a jornada de angústia, culpa e paixão de Chow Mo-Wan (Tony Leung) e Su Li-zhen (Maggie Cheung) até o seu fim avassalador. Tudo isso somado a um lindo registro coberto de tudo o que Wong Kar-Wai tem a oferecer: um vermelho pulsante, trilha sonora que apaixona, enquadramento que cria quadros dentro do quadro, e, acima de tudo, o amor que transborda dos planos.
Os Incompreendidos (1959)

Reprodução: Os Incompreendidos
Inaugurando a Nouvelle vague, movimento francês dos anos 50-60 marcado pela inovação e rebeldia, junto com “Hiroshima Mon Amour" (1959) e "Acossado” (1960), Truffaut fez de seu primeiro filme também o seu mais aclamado. A atmosfera apaixonante e característica do diretor que está sempre remetendo a paixão e maturidade já está nesse trabalho. É possível ver o amor do autor pelo cinema enquanto assistimos.
O filme é em parte baseado na vida do próprio diretor e acompanha um curto período na vida de Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud), um jovem estudante francês que está constantemente envolvido em problemas. Ele zomba de seus professores, rouba de seus pais, falta às aulas, fuma, bebe, foge de casa e mente. No entanto, sendo crítico como foi, Truffaut nos faz enxergar que Antoine não é o verdadeiro culpado. Ele é, na verdade, um produto de uma sociedade e de uma família que o abandonaram. O coming of age que foge do comum e consegue ser realmente reflexivo enquanto passa pela jornada de maturidade.
Cópia Fiel (2010)

Reprodução: Cópia Fiel
Em seu penúltimo filme, Abbas Kiarostami volta a uma trama metalinguística, uma das grandes marcas da sua carreira. No longa, o escritor inglês James Miller (William Shimell) está na Itália, mais precisamente na Toscana, para promover seu último livro, quando conhece a francesa Elle (Juliette Binoche) que o leva até a vila de Lucignano.
Em "Cópia Fiel", o diretor iraniano entra em uma narrativa metalinguística que propõe refletir sobre a originalidade. A temática central do filme, que questiona a natureza da arte e da cópia, é explorada de maneira inteligente e provocativa. A ideia de que uma cópia pode ser tão válida quanto o original desencadeia reflexões profundas sobre a natureza da realidade e da percepção humana.
Aftersun (2022)

Reprodução: Aftersun
Outro grande primeiro trabalho, “Aftersun”, dirigido pela escocesa Charlotte Wells, é um retrato de uma relação entre pai e filha que apesar de amorosa, sofre conturbações. Calum (Paul Mescal), apesar de amar Sophie (Frankie Corio), carrega uma melancolia e sofrimento que tornam o filme esmagador de se assistir. A diretora, que só tinha feito um curta até então, afirmou que é um filme “emocionalmente autobiográfico”, o sofrimento que Wells projeta em tela é identificável a ponto de ferir e aliviar quem assiste.
Diferente dos filmes anteriores, “Aftersun” não só está na Mubi como foi distribuído pela empresa em diversos países. A lista inclui: Áustria, França, Alemanha, Índia, Irlanda, Itália, América Latina, Espanha, Turquia e Reino Unido.
Carol (2015)

Em “Carol”, filme de um dos grandes cineastas americanos deste século, “Todd Haynes”, acompanhamos Therese Belivet (Rooney Mara) e Carol Aird (Cate Blanchett) em uma jornada amorosa na Nova York dos anos 50. Enquanto a primeira está se descobrindo, a outra está despedaçando seu casamento. Haynes inteligentemente usa o recorte temporal para reforçar as dificuldades deste amor clandestino em meio a sociedade americana da época.
As Duas Faces da Felicidade (1965)

Reprodução: As Duas Faces da Felicidade
Um dos principais nomes da Nouvelle vague francesa, Agnès Varda, diretora muito consciente socialmente, se utiliza de uma estética exagerada e até mesmo artificial para realizar uma grande crítica ao patriarcado. De maneira bem hitchcockiana, o filme é condicionado pelo olhar, neste caso, o do homem em relação às mulheres.
A trama acompanha o jovem marido e pai François que, embora casado com a bela e bem-humorada Thérèse, se envolve em um caso com a atraente carteira Émile. Então, o filme segue a indecisão de François sobre como seguir com a situação até que caminha para seu final inesquecível, em que somos enganados pelo óbvio.
O Bandido da Luz Vermelha (1968)

Reprodução: O Bandido da Luz Vermelha
Clássico do Cinema Marginal brasileiro, movimento marcado pela abordagem independente, experimental, transgressora e social, “O Bandido da Luz Vermelha” apresenta uma direção anárquica por parte de seu diretor Rogério Sganzerla. O filme caminha em diversos gêneros sem relação alguma, juntando da comédia aos thrillers policiais e até mesmo a ficção científica. Em sua radicalidade, o filme satiriza o terceiro mundo ao mesmo tempo em que o escancara para o espectador.
Apesar de ser extremamente vanguardista, tanto em forma quanto em conteúdo, “O Bandido da Luz Vermelha” foi um sucesso de bilheteria quando foi lançado, catapultando a carreira de Sganzerla e Helena Ignez, atriz que se tornou musa do Cinema Marginal.
Terra em Transe (1967)

Reprodução: Terra em Transe
No meio da Ditadura Militar, Glauber Rocha lança “Terra em Transe”, um retrato da sociedade brasileira que continua com diversos paralelos para o Brasil atual. O diretor cria um embate entre o populismo barato contra o conservadorismo dos grandes oligopólios que dominam a política do país.
Na trama, Brasil é Eldorado, um país fictício na América, que sofre com uma luta interna pelo poder político. Diante desta convulsão social, o jornalista Paulo Martins (Jardel Filho) opõe-se a dois candidatos políticos igualmente corruptos: um pseudopopulista e um conservador. Neste contexto, Paulo se coloca entre a loucura da elite e a submissão das massas.
Estrada Perdida (1997)

Reprodução: Estrada Perdida
"Estrada Perdida", dirigido por David Lynch, é uma jornada cinematográfica envolvente e surreal que mergulha nas profundezas perturbadoras do subconsciente humano. Com sua narrativa e atmosfera enigmática, o filme leva o espectador por um labirinto de mistério e paranoia. Lynch utiliza seu estilo característico para criar um universo hitchcockiano, onde o duplo é utilizado para deixar o público imerso em um estado de suspense e perplexidade.
A obra explora temas complexos como identidade, memória e culpa, enquanto, assim como todos os trabalhos do cineasta americano, consegue ser confusa e cativante ao mesmo tempo. Os personagens são apresentados em uma teia intricada de relações obscuras, enquanto a trama se desenrola em uma sucessão de eventos inebriantes. Com sua estética neonoir, o filme se destaca como um dos mais intrigantes e impactantes de David Lynch.
Adeus à Linguagem (2014)

Reprodução: Adeus à Linguagem
"Adeus à Linguagem", dirigido por Jean-Luc Godard, é uma exploração cinematográfica radical que desafia as convenções narrativas e visuais do cinema tradicional. Com sua abordagem experimental e fragmentada, o filme convida os espectadores a questionar a própria natureza da linguagem e da percepção. Godard utiliza uma variedade de técnicas inovadoras, incluindo o uso de imagens em 3D e uma estrutura narrativa não linear, para criar uma experiência visual e intelectualmente estimulante.
Através de sua reflexão profunda sobre temas como comunicação, alienação e o papel da arte na sociedade contemporânea, "Adeus à Linguagem" desafia os espectadores a repensarem suas próprias noções de realidade e significado. Com sua estética arrojada e provocativa, o filme transcende convenções do cinema, convidando o público a se perder em um labirinto de imagens e ideias. "Adeus à Linguagem" permanece como um testemunho da visão vanguardista de Godard e sua capacidade de reinventar constantemente a linguagem cinematográfica.
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