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moqueka

"I Lay Down My Life For You" - O melhor álbum de 2024 (até agora)

Atualizado: 3 de abr.


CAOS! CONFUSÃO! POR QUE NADA FAZ SENTIDO?


Essa foi a minha reação na primeira vez que ouvi uma música do rapper e produtor JPEGMAFIA, e provavelmente vai ser a sua se decidir ouvir esse álbum sem antes ter escutado nada sobre o músico. MAS CALMA!


Por meio desse texto, venho humildemente tentar convencer você, caro leitor ou leitora, a dar uma chance de conhecer o mais novo projeto dele, "I Lay Down My Life For You", que para mim é disparado o melhor álbum que eu ouvi esse ano.


Aqui vou focar em falar sobre as minhas impressões sobre o álbum, tal qual dizer o que me impressionou e justificar o motivo de eu curtir tanto esse projeto.


PRODUÇÃO E CRIATIVIDADE


Para mim, a coisa mais importante de uma música é a sua produção e a sua escolha de abordagem estética. Esses parâmetros definem por qual caminho os temas e as letras das músicas vão seguir, além de combinar com a estética das imagens de divulgação do álbum, assim como a atmosfera em geral do álbum.


A produção acaba por definir o potencial de uma música, que junto da letra e da entrega da letra, definem a qualidade da música.


Essa explicação toda de como a música se relaciona comigo pode ser resumida com: A produção desse álbum é absurda. JPEGMAFIA trabalha com uma espécie de maximalismo, ou seja, diversos elementos excêntricos que muitas vezes não parecem ter nada a ver entre si, mas com a criatividade do produtor eles conseguem ornar de forma incrível e criar um som extremamente diferente e único.


Além da produção, a forma que o rapper rima também sai um pouco do convencional, com vozes estouradas, gritos e ruidos aparentemente esquizofrênicos, mas que fazem total sentido conforme a música progride.


A estilistica absurdista do Peggy é uma assinatura dele, do tipo que você ouve uma música produzida por ele e normalmente consegue reconhecer na hora que é uma obra dele pela forma que o som se comporta, mostrando uma clareza estética do artista com sua música. Tal sensação que para mim pelo menos é extremamente rara de se sentir ultimamente, mostrando o talento do músico em se afirmar artisticamente na indústria.


E ELE FAZ DE NOVO


Acho que o mais impressionante de "I Lay Down My Life For You" é como o JPEGMAFIA direciona o seu álbum. A primeira música "i scream this in the mirror before i interact with anyone" funciona muito bem como uma introdução. A música apresenta uma guitarra crescente que é interrompida de forma abrupta por uma batida constante diversas vezes, com uma precisão sensacional do exato momento que começamos a ficar agitados pela música, ele nos traz de volta pra calmaria. O cara sabe o que tá fazendo.


Vale destacar também a música "it's dark and hell is hot", em que ele samplea simplesmente um funkzão do DJ RaMeMes e adiciona uma porrada de efeito de distorção, além de uns efeitos crescentes que deixa a parada mais bizarra e incrível. Fora isso, no fim ainda tem um Sample do som "Brasiiil", da Globo (eu não faço a menor ideia COMO ele conseguiu isso mas tá lá né)


Dessa forma, Peggy parece que direciona o seu álbum para sons extremamente excêntricos, com ruídos diferenciados, reverbs picas e tudo o que o absurdismo dele desse direito. Porém, de forma extremamente natural, o artista decide mudar a abordagem do álbum, e ele faz isso várias vezes.


Em um momento, temos uma música com guitarra e gritos que lembram muito um uma pincelada no Heavy Metal, como é o caso de "vulgar display of power".


Um pouco depois, em "JPEGULTRA!" aparecem instrumentos de sopro, dando uma vibe de jazz pro álbum.


Parece que o músico queria pincelar um pouco de vários estilos, para assim conseguir criar uma atmosfera única (objetivo que para mim ele acertou em cheio).


TEMAS


O álbum trata de muitos temas, tal qual superação de relações, entendimento de si, amor próprio, crítica ao militarismo (ele era ex militar) e religião e espiritualidade. Dito isso, eu não vou aprofundar em como eles aparecem nas letras, porque pessoalmente não sou muito fã de analisar álbum assim, já que não consumo música assim, ainda mais quando é em inglês. Portanto, vou focar muito mais na vibe e como esses temas reverberaram em mim.



Até a décima música, eu classificaria o álbum com uma vibe agitada e frenética. Até as músicas até então mais calmas continham efeitos característicos do produtor, junto com alguns novos, que acabavam por determinar essa inquietação estética presente o tempo todo. Porém, no meio de "JPEGULTRA!", o álbum da uma virada de ponta cabeça e começa a trabalhar de forma mais intimista os pontos abordados por Peggy. Isso é possível de ser percebido pela forma que o rapper entrega suas rimas, que passa de uma voz alta e as vezes gritos para uma voz mais baixa e suave.


Isso me pegou completamente de surpresa pela forma como o álbum estava indo, mas eu adorei. A música "either on or off the drugs" tem a sensação de um abraço de tão suave que ela é. A partir daí, até a conclusão do álbum, é possível observar a vunerabilidade de JPEGMAFIA, que até então no álbum parecia que ele estava tentando esconder o máximo possível, com apenas alguns lampejos durante as outras músicas, até voltar para a esquisitice estética do álbum. Parecia que isso estava tentando sair dele de alguma forma e aos poucos, até finalmente conseguir desabafar tudo no final do álbum, simplesmente sensacional.


Para mim, a música que sacramenta essa parte do álbum como especial é "Don´t Put Anything On the Bible". A música tem uma das entregas mais lindas que eu vi nos últimos anos.


Por fim, "i recover from this" surge como o desabafo final de Peggy, onde vemos ele falar quase diretamente sobre os temas do álbum, botando tudo para fora de vez. É incrível como dá para ver a forma como isso afeta ele.


JPEGMAFIA apresenta um projeto especial com seu novo álbum. Aqui, ele continua inventivo e criativo como sempre, além de ter um tom extremamente interessante e abordagens muito belas. Para mim, o melhor álbum desse ano (até agora), não apenas pela qualidade e criatividade dele, mas também pela forma que o artista claramente ama muito o que ele está fazendo e, acima de tudo, transparece isso para o ouvinte.


1 Comment


Guest
Aug 21, 2024

Discordo, melhor álbum até o momento é o do TOP - Clancy

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