CRÍTICA | Super/Man encontra sua força na simplicidade
- Vitor Rocha
- 17 de out. de 2024
- 2 min de leitura

Primeiro filme lançado nos cinemas pelo DC Studios, projeto sob direção de James Gunn, o documentário Super/Man narra a história de Christopher Reeve, com ênfase em sua luta contra a tetraplegia. Apesar de convencional, o trabalho consegue emocionar pela trajetória do artista.
Dirigido por Iann Bonhôte e Peter Ettedgui, o filme não inova na linguagem. Sua montagem é simples, seguindo uma estrutura cronológica e contando a história por meio de entrevistas com familiares, amigos de Reeve e gravações de arquivo. O objetivo não é reinventar a roda, mas aumentar a voz de quem está sendo ouvido.
Famoso pelo clássico Superman - O Filme (1978), o documentário aborda o processo de Reeve para se tornar o icônico super-herói. Embora destaque a importância do papel para o ator, o filme também expõe as dificuldades que ele enfrentou por causa do personagem, como a relação conturbada com seu pai e a percepção de que, na época, interpretar Superman era visto como algo menor. Por se tratar de um filme da DC, esses aspectos acabam sendo menos aprofundados do que poderiam ser, mas fica claro que Reeve desejava se provar como artista. Ser o Superman não era suficiente.

Após uma série de fracassos comerciais, Reeve não consegue se desvincular da imagem do Homem de Aço. É então que o filme atinge seu ponto central: a deficiência do ator. Após cair de um cavalo, Reeve ficou tetraplégico e chegou a cogitar a eutanásia. Com o apoio de familiares e amigos, ele voltou a trabalhar e, acima de tudo, se tornou um símbolo na luta pelos direitos das pessoas com deficiência, especialmente as que, como ele, sofriam de paralisia.
A partir deste ponto, o filme ganha um tom propagandista em favor da Fundação Christopher Reeve, instituição criada por ele para pesquisa e cuidados para pessoas com paralisia, mas ainda assim não perde sua capacidade de emocionar. A frustração de Reeve com sua condição é evidente, assim como o impacto que isso causava nas pessoas ao seu redor, especialmente em sua esposa, Dana.
A simplicidade do documentário, embora tecnicamente modesta, serve ao propósito emocional da narrativa. O público não precisa de uma linguagem complexa para se conectar com a trajetória de Reeve, e a estrutura cronológica facilita a compreensão de sua luta, suas conquistas e suas dores. A presença constante de familiares e amigos reforça a imagem do ator, não apenas como um ícone, mas como um homem que sofreu, persistiu e transformou sua dor em uma causa maior.
Embora o documentário careça de ousadia em sua execução, sua força está na história que conta e nas emoções que desperta. O relato da vida de Reeve após o acidente revela o verdadeiro super-herói, não o da ficção, mas o homem que, mesmo diante de uma adversidade paralisante, escolheu lutar pela sua vida e pelas vidas de outras pessoas com deficiência. No final, o filme, ainda que limitado em sua abordagem, consegue sensibilizar o público e perpetuar o legado de Reeve como um símbolo de inspiração.
Nota: 3,5/5
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