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CRÍTICA | "Resistência" não resistiu a um roteiro pouco aprofundado

Atualizado: 8 de jun. de 2024

Nesta quinta-feira (28), temos o lançamento da mais nova ficção científica da Walt Disney Studios com a 20th Century Studios, "Resistência". O longa, com a direção de Gareth Edwards, vem como uma das principais opções nas salas de cinema neste fim de mês. Se passando em um futuro próximo, a produção é uma aventura futurista com diversos comentários na sociedade atual, mas isso é suficiente?


Resistência - Foto 1
Foto: Reprodução/20th Century Studios

A produção é um roteiro original do próprio Edwards, que aqui se inspira bastante nas grandes ficções científicas do cinema, desde "Star Wars" e "Akira" até "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" e “Blade Runner”. A ligação do diretor com o sci-fi é extensa: começando em 2010, na sua estreia com “Monstros”, que passa em uma invasão alienígena. Em seguida, fez em 2014 a nova incarnação do “Godzilla” e, dois anos mais tarde, nos presenteou com o ótimo “Rogue One: Uma História Star Wars”.


Nesse universo, a humanidade caminhava para um futuro tecnológico junto às inteligências artificiais até que as máquinas provocaram uma gigantesca explosão em Los Angeles, deixando inúmeros mortos e infectando toda uma zona da cidade com radiação. A partir desse ponto, as I.A. foram demonizadas no Ocidente, tendo a “Nova Ásia” como grande refúgio para humanos e andróides. No meio dessa situação, o ex-agente especial Joshua se encontra em profundo luto após a morte de sua esposa, mas acaba sendo recrutado para dar um fim ao grande criador da I.A.


Resistência - Foto 2
Foto: Reprodução/20th Century Studios

Devido a experiência de Gareth com o gênero e como alguém que começou na área dos efeitos visuais, o trabalho gráfico aqui é impecável. Mesmo possuindo um orçamento menor que grandes blockbusters do ano, os efeitos foram definitivamente um foco, ao ponto que acabam se tornando o grande atrativo da obra como um grande épico distópico.


Tendo uma rodagem de 133 minutos, a direção consegue conduzir o enredo de forma que o filme tenha sempre cenas de ação, sem deixar com que a peteca caia. Contudo, é um longa focado majoritariamente em dois personagens e isso gera um certo lugar comum na trama, gerando situações e momentos que tendem a se repetir.


Outro ponto realmente positivo é a ação bem coreografada e até mesmo ousada, pondo personagens que normalmente estariam deslocados da situação no meio da confusão, proporcionando momentos genuinamente diferenciados. O bom uso da iluminação e da belíssima fotografia de Greig Fraser são fundamentais para composição dessas cenas, gerando toda a ambientação que é essencial para esse contexto energético.


Resistência - Foto 3
Foto: Reprodução/20th Century Studios

Por outro lado, alguns problemas acabam sendo bem evidentes e o principal deles é o roteiro. Não é um caso de um roteiro horrível ou mal-escrito, mas sim que existe todo um potencial pouco explorado, trazendo tópicos de extrema relevância que só engrandeceriam a narrativa, todavia, são apenas pincelados e não realmente abordados.


Críticas a governos mundiais, a ideologias políticas e religiosas, além de, obviamente, a ética da inteligência artificial. Todos esses são temas apresentados no filme, uns com mais destaque e outros menos. Porém, a trama infelizmente é guiada meramente por uma busca sentimental, o que acaba afastando temas que originalmente deveriam ser mais relevantes e que tinham o potencial de serem mais aprofundados.


Mesmo tendo um altíssimo rigor técnico, um ponto que chama atenção é o fato da trilha sonora ter sido composta pelo maestro Hans Zimmer. Incrivelmente, este é um dos seus trabalhos menos marcantes e imponentes, gerando até uma surpresa ao ler seu nome durante a rolagem dos créditos.


Resistência - Foto 4
Foto: Reprodução/20th Century Studios

John David Washington retorna a protagonizar uma ficção científica três anos após estrelar "Tenet", de Christopher Nolan, e é novamente muito competente no papel, entregando boas cenas de ação e uma dose considerável de emoção. Sua co-protagonista é a jovem Madeleine Yuna Voyles, que aqui tem a missão de interpretar a principal androide do longa e passa bastante credibilidade.


Gemma Chan dá vida a Maya, ex-esposa de Joshua e grande ponto de interesse do protagonista. Mesmo aparecendo em flashbacks na maior parte do tempo, sua relação amorosa se mostra bem crível. Ken Watanabe, como de costume, é escalado como o "asiático durão" e não tem muito erro, é uma posição que ele já está bem acostumado.


A dupla de antagonistas interpretada por Allison Jenney e Marc Menchaca não tem tanto a entregar. Por mais que inicialmente a personagem de Jenney apresente um certo contexto, ela se perde na unilateralidade. Menchaca sobra como seu capanga, zero desenvolvimento e pouco o que apresentar além da brutalidade proposta.


Resistência - Foto 5
Foto: Reprodução/20th Century Studios

No frigir dos ovos, "Resistência" é uma boa ficção científica, com visuais realmente bem feitos e excelentes cenas de ação. Todavia, mesmo provindo de boas ideias e conceitos ótimos, existia espaço para serem aprofundados, dando maior ênfase nas críticas originalmente apresentadas.


Nota: 3,5/5 🤖





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