Crítica | Oppenheimer: O Projeto Manhattan de Nolan
- Victor Lee
- 21 de jul. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2024
Após três anos sem nenhum filme nas telonas, o Diretor Christopher Nolan promete explodir mentes com o seu novo trabalho. Oppenheimer é uma obra de drama histórico baseado no livro biográfico vencedor do Prêmio Pulitzer, Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer, escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwin.
A história dirigida por Nolan é ambientada antes da Segunda Guerra Mundial e no pós-guerra. O longa acompanha a vida de J. Robert Oppenheimer, interpretado pelo ator irlandês Cillian Murphy, físico teórico da Universidade da Califórnia e diretor do Laboratório de Los Alamos durante o Projeto Manhattan e suas contribuições que levaram à criação da bomba nuclear. A trama mostra Robert e o grupo formado por outros cientistas ao longo do processo de desenvolvimento da arma nuclear, que foi responsável pelas tragédias nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945.

No roteiro astucioso de Christopher Nolan, Oppenheimer é grandioso, detalhista e calculista. Assim, diria que é uma aula de física ou até mesmo de trabalhar com um super elenco. Além de Cillian, o filme também traz nomes como Emily Blunt, Matt Damon, Robert Downey Jr., Florence Pugh, Gary Oldman, Jack Quaid, Gustaf Skarsgård, Rami Malek, Kenneth Branagh e outras participações ao longo do espetáculo.
O Sr. Christopher trás em Oppenheimer uma ideia com dois paralelos temporais: Em cores, com a perspectiva do protagonista, observando os detalhes do seu ponto de vista. Em preto e branco, Nolan nos permite ver com o olhar do Almirante Lewis Strauss (Robert Downey Jr.), ex-presidente da comissão de energia nuclear. Dessa forma, o filme introduz uma dinâmica dramática ao mostrar o intelecto do J. Robert e do seu trabalho que gerou centenas de mortes.
PONTOS FORTES

A escolha do elenco foi um grande acerto para deixar o filme ainda mais impactante e dramático. Não só pela construção da trama, mas por conseguir demonstrar com clareza tudo que os personagens queriam passar. Isso fica visível desde uma prancheta que cai no chão até um tambor sendo tocado. Com certeza é um show de atuação, principalmente dos astros Cillian Murphy e Robert Downey Jr, que se entregam no papel das suas vidas.
Outro ponto bem trabalhado é sua cronologia rebuscada, trazendo o passado, presente e futuro do que aconteceu com o "Pai da Bomba Atômica". A maquiagem é um ponto crucial para o enredo tomar forma.
O espetáculo fica para os efeitos visuais e sonoros do filme. O diretor consegue facilmente dar uma aula de como é fazer explosões grandes. Nada que já não vimos antes em Batman (2008), Dunkirk (2017) e Tenet (2020). Mas Oppenheimer consegue ser muito mais egoísta e grandioso. Podemos chamar de uma explosão de sentimentos. Com barulhos e com o silêncio, esse sentimento vai ganhando forma, o fogo, as chamas, a luz, tudo é um grande protagonismo que em cenas longas e curtas que nos molda a apreciar um belo show de fogos ou melhor do projeto Nolan.
PONTOS FRACOS

Por mais que tenha um grande elenco e uma boa construção dos personagens, Nolan continua pecando gravemente na figura feminina dos seus longas. Florence Pugh entregou tudo e mais um pouco e simplesmente arrasou no papel, mas sinto que foi um pouco exagerado as cenas do casal, algo que poderia ter sido resolvido só em diálogos ou trazer novas sacadas. Apesar disso, não tira o brilho da Pugh e nem da Emilly Blunt, que cativa e encanta na sua atuação e ao mesmo tempo traz pequenas doses de medo e angústia para sua personagem Katherine Oppenheimer.
Oppenheimer pesa a mão ao retratar de maneira santificada ou até mesmo amenizar quem realmente foi o “prometeu americano” que arquitetou e construiu uma arma destruidora de mundos. Embora o filme mostre uma visão social na questão armamentista. É nítido a ideia do patriotismo e dos heróis que defendem com unha e dentes o seu país (algo não tão inovador em filmes da América do Norte). Além de romantizar tanto o protagonista deixando ele mais "humano" nas cenas de afeto com sua amante, de fraqueza com a família ou nos erros cometidos no seu passado.
A BOMBA
Muito mais que uma explosão, o enredo se entrelaça na preparação, na teoria e nos conflitos pessoais, ficando até mais clara a forma que os personagens pensam do que realmente a obra quer transmitir. Contudo, não é só de efeitos que a trama pode acertar. Entre indas e vindas, as extensas cenas de tribunal são um prato feito para os fãs, a exemplo de Os Sete de Chicago (2020), filme que mostra um julgamento extenso que se tornou um dos mais famosos do país, após participarem de uma manifestação em 1968, na qual protestavam contra a Guerra do Vietnã.
A virada de chave é algo recorrente nos filmes do Sr. Nolan. O Lewis Strauss ou melhor Robert Downey Jr. é um ponto crucial por roubar o filme para si em algumas partes, tornando a cereja do bolo no último ato. Juro que senti saudades em ver ele no julgamento e não fazer o sinal da paz em referência a Iron Man 2.


Dessa forma, o longa de Christopher nos dá bons trechos de ação, física e de como um tribunal é desgastante. O cineasta mostra mais uma vez sua capacidade de criar cenários e cenas grandiosas, mas acaba sendo um vício inerente de mostrar explosões e o pensamento do ser humano. Assim, Oppenheimer nos engaja a perspectivas diferentes do vazio, do silêncio e das explosões de como o mundo é uma grande guerra.
Nota: ⭐⭐⭐⭐
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