CRÍTICA | MORANDO COM O CRUSH
- Giulia Gazar
- 23 de mai. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2024

Dia 23 de maio chega aos cinemas a nova comédia romântica nacional “Morando Com o Crush”. Uma história sobre Luana e Hugo, dois personagens vivendo os dramas da adolescência e nutrindo uma paixão um pelo outro. No entanto, esse novo sentimento encontra alguns empecilhos quando descobrem que seus pais estão em um relacionamento e anunciam que todos irão morar juntos. Situações caóticas, momentos engraçados e romances fofinhos acompanham a trama do longa.
Morando Com o Crush é aquela típica comédia romântica juvenil, pique sessão da tarde, que todo mundo tá acostumado a assistir. Mesmo tendo dois protagonistas, acompanhamos a trama mais pela perspectiva de Luana, personagem vivida pela atriz Giulia Benite, que é uma adolescente normal, passando pelas confusões e dilemas da fase. Isso gera uma certa identificação com o telespectador, estando ou não na mesma fase que ela, todo mundo já passou ou ainda vai passar por esse tipo de coisa, quer dizer, no caso específico desse filme, é bem difícil alguém estar na exata mesma situação…
O filme começa introduzindo a relação dos protagonistas, aquele clássico do aluno novo bonitinho, que nesse caso se chama Hugo (personagem interpretado pelo Vitor Figueiredo) e a menina que vira amiga dele, mas que no fundo queria mais do que isso. Os flashbacks fazem você torcer para que Hugo finalmente note o interesse da amiga. Isso de fato acontece na festa que abre o filme, depois de todos os flashbacks.
Quando tudo parece nos conformes é que o filme começa de verdade. Nem 30 minutos de história e já temos o primeiro plot, que é responsável por dar o nome ao longa. Sabemos que Luana e Hugo se gostam, o que não se esperava é que o pai dela e a mãe dele também estivessem em um relacionamento. Como se não bastasse, ainda anunciam que vão se mudar e todos irão morar juntos em uma cidade do interior.
Reprodução/ Paris Filmes
Os problemas do filme começam daí. Tudo acontece de forma muito acelerada, os pais mantêm um relacionamento aparentemente recente, que nem os filhos estavam sabendo e decidem se mudar juntos para o interior. A trama segue agora num novo cenário, contexto bem diferente do apresentado no início, e agora com novos personagens.
Logo que chegam na nova moradia, um novo conflito é introduzido na história: Cidade pequena, todos se conhecem, só tem uma escola, que só aceita inscrição de irmãos (inclusive, a cidade em questão tem uma estranha obsessão com irmãos). A resolução para o problema vem de bandeja para a recém formada família, visto que todos na cidade imediatamente assumem que Luana e Hugo são gêmeos (???). No entanto, ao resolver esse problema surge outro: como fica o romance recém descoberto deles?
Nesse novo contexto, a perspectiva da narrativa começa a variar mais. O foco, que antes estava bem aparente na Luana, é dividido com os demais personagens. Agora é possível acompanhar os conflitos de um casal que mal se conhecia (no caso Fábio e Antônia, os pais do nosso jovem casal protagonista) começando a ter contato com as manias e trejeitos um do outro e aprendendo a lidar com isso, mais foco na perspectiva de Hugo, além da visão dos novos personagens introduzidos como Priscila, Teté e Edu, vizinhos da família principal e que vão ter um papel importante no decorrer da história.
Reprodução/ Paris Filmes
Falando nos novos personagens, no primeiro contato com os protagonistas, Priscila se mostra muito interessada e curiosa com os novos vizinhos. Essa curiosidade escala para um nível absurdo de stalker que chega a ser esquisito. Ela começa a bisbilhotar a vida da família, principalmente de Hugo e Luana, vigiando pela janela com um binóculo e câmera, chegando até a influenciar a irmã mais nova, Teté, a invadir a casa deles durante a noite para vigiar mais de perto.
Ao mesmo tempo que tudo isso está acontecendo, Luana e Hugo também começam a se conhecer melhor. Em meio ao caos de terem que fingir serem irmãos e mesmo tentando empurrar o interesse para debaixo do tapete, o sentimento romântico que nutrem um pelo outro começa a crescer.
O sentimento aflora ainda mais quando Hugo pega catapora e adivinha só? Luana é a única que pode cuidar dele! Depois disso, pronto, se aproximaram a ponto de dividir segredos profundos e tudo mais. Além de que, se eles estavam se segurando com medo do que podia dar errado, esse período juntos, praticamente sozinhos, foi a cereja do bolo, o que resultou no primeiro beijo do casal e o começo de um relacionamento, trazendo uma nova questão: não serem descobertos.
O caos está instalado na trama, mas um caos que apenas o telespectador consegue perceber, já que Hugo e Luana não sabem que estão sendo vigiados por Priscila e Teté, além de que a perseguição/stalk delas sempre é impedida por algum fator externo. Falando da espionagem, ela tem um teor cômico e uma pegada meio High School Musical, que ninguém vê ninguém em lugares óbvios, o que deixa uma dúvida de ser intencional ou não.
Como se não bastasse toda a confusão citada, ainda temos outros conflitos: Antônia e Hugo com hábitos alimentares completamente opostos aos de Luana e Fábio, uma casa antiga, cheia de problemas e coisas quebradas e os conflitos internos de Luana com a profissão que quer seguir. Esse ponto da profissão é uma grande questão para a personagem da Giulia Benite, mas essa jornada de autodescoberta dela, você vai ter que descobrir assistindo ao filme.
Se encaminhando para o final do filme, acontece um show de talentos entre irmãos (novamente, uma cidade obcecada por irmãos) e todos da cidade estão na competição. Obviamente temos a participação dos pombinhos secretos, como irmãos, resultando de maneira muito previsível na vitória deles. Por que citar este momento específico? Porque dele surge o plot que bagunça completamente essa parte final do longa.
No momento de euforia por vencerem o concurso, Luana e Hugo dão uns beijinhos na coxia e adivinha quem sem querer os pega no flagra? Teté, a irmã mais nova da stalker obcecada. Ela tira uma foto da cena e sai antes de ser vista. Com a informação nas mãos, a pequena entrega o registro para a irmã, mas alerta “olha lá o que você vai fazer com essa foto”. Sinceramente, essa criança tem mais juízo que a irmã mais velha.

Reprodução/ Paris Filmes
Assim como no começo do filme, as coisas evoluem muito rápido. De um casal se conhecendo ao morar juntos, Fábio e Antônia anunciam que vão casar, do nada, numa cidade que mal conhecem e sem a presença da família ou amigos de cada um, apenas os novos vizinhos e uma amiga da Luana que apareceu algumas vezes na história. Quase no fim da cerimônia o caos se instala novamente. Com a foto do beijo em mãos, Priscila acha que o casamento seja um momento adequado para expor o romance dos falsos irmãos. Situação esclarecida, o jovem casal confirma seu amor e Hugo pede Luana em namoro!
Mas Priscila aparentemente realmente ficou obcecada com a relação dos dois, não aceitando a situação, cria um barraco e sai aos surtos e gritos para fora da cerimônia (casamento completamente jogado para escanteio) resultando numa cena previsível e meio sem graça (talvez numa referência à Regina George de Mean Girls) onde ela é atropelada por uma bicicleta.
Todas as situações do filme são resolvidas, todos felizes menos Priscila. Para resolver o conflito, ela pede desculpas e volta a fazer parte da turma. Um final feliz mas também previsível e meio corrido, tudo aconteceu muito de vez. No geral, é um filme bem levinho, com um romance gostosinho de acompanhar e torcer, com uma atuação meio artificial de alguns personagens, mas dá para curtir, numa pegada bem sessão da tarde.
Nota: 2,5/5 🥰
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