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Crítica I Imaculada é o terror que se descobre terror



Dirigido pelo americano Michael Mohan (The Voyeurs) e protagonizado pela nova queridinha de Hollywood Sydney Sweeney (Euphoria, Anyone But You), Imaculada é um terror frontal que caminha de forma super convencional e genérica para se estilizar no terço final do filme.


Cecilia (Sydney Sweeney) é uma jovem religiosa que se muda para um isolado convento na Itália, até que tem uma gravidez misteriosa. A partir disso, a nova freira enfrenta forças do mal enquanto desvenda segredos do convento.


O filme tem claras inspirações em O Bebê de Rosemary (1968), longa do francês Roman Polanski em que a personagem de Mia Farrow lida com uma gravidez demoníaca. Em Imaculada, essa ideia é posta em prática no contexto de uma freira em um convento católico fechado, que funciona como uma prisão para seus personagens. A referência é tão evidente que uma das capas de Imaculada se baseia no pôster do clássico do terror dos anos 60.


Imaculada
Reprodução/Imaculada; O Bebê de Rosemary



Como dito anteriormente, o filme começa de forma um tanto genérica. Não há muito o que falar visualmente, segue uma linha tão convencional que parece um enlatado de terror. Inicialmente, há uma escolha por optar por jumpscares óbvios enquanto se constrói o mistério da trama que caminha para a exaustão. É algo muito mais focado em como a Cecilia está reagindo a aquele novo universo do que um destaque primordial na frontalidade do terror propriamente. Sweeney entrega uma personagem recatada e ingênua que vai se tornando mais audaz e arrojada conforme os segredos do convento vão sendo revelados, o que gera uma grande performance na sequência final. 


Um ponto que frustra é uma certa necessidade de ser verossímil e didático. Em um tempo onde o público exige cada vez mais realismo, até mesmo em obras que claramente não tem essa ideia como foco, Imaculada concede explicações racionalizantes para o sobrenatural. Pactos, rituais e cerimônias viram biologia, genética e ciência. Acaba por ser um pouco frustrante pensando no quão simples é todo o entorno, as explicações que tentam complexificar desnecessariamente a trama acabam por soar deslocadas daquele universo particular.


Imaculada
Reprodução/Imaculada

Felizmente, Imaculada se recupera no último terço, quando o longa sai do padrão apresentado anteriormente e se estiliza muito mais. É como se finalmente reconhecesse ser um filme de terror, usando os códigos do gênero de forma mais incisiva. Cenários, iluminação, personagens e objetos passam a seguir a lógica do terror frontal, estabelecendo uma conexão maior com o público.  Mohan finalmente brinca com as possibilidades do gênero e consegue oferecer um clímax muito competente. A atuação de Sydney Sweeney é essencial para a efetividade dessa proposta. A atriz exerce uma performance de scream queen, sendo colocada sempre em primeiro plano e por vezes em close-ups, com o seu destaque favorecendo a carga dramática das cenas.


Imaculada
Reprodução/Imaculada

A obra, que parecia ser mais uma entre as numerosas produções de temática cristã sempre presentes, mas atualmente em maior quantidade no cinema hollywoodiano, apelidadas por Artur Soares de "Vingadores da Fé", como A Freira 2 (2023) ou o insípido Exorcista: O Devoto (2023), ganhou um novo fôlego e, de maneira geral, se mantém sólida.

Veredito

Em resumo, Imaculada é um filme de terror que começa de forma genérica e previsível, mas consegue ser recompensador no terço final com uma abordagem mais estilizada e intensa. O filme sofre inicialmente com jumpscares óbvios e uma trama que se esforça para explicar racionalmente o sobrenatural, o que pode frustrar uma experiência mais visceral e menos didática. No entanto, a virada estilística e a atuação convincente de Sweeney elevam o clímax, proporcionando um desfecho eficaz e satisfatório para os fãs do gênero.


Nota: 3/5



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