CRÍTICA | Borderlands tem caracterizações brilhantes, mas um desenvolvimento duvidoso
- Juvia Libanio (Convidada)
- 8 de ago. de 2024
- 3 min de leitura

Baseado na franquia de jogos desenvolvida pela Gearbox Software e publicada pela 2k, "Borderlands" nos apresenta a história de Tiny Tina (Ariana Greenblatt), uma garotinha especial que era mantida em um laboratório, onde é resgatada por Roland (Kevin Hart), um antigo soldado mercenário e que acaba ganhando a proteção do psicopata Krieg (Florian Munteanu), que agora considerava Tina sua irmã.
Uma criminosa forasteira chamada Lilith (Cate Blanchett) é interrompida em sua jornada quando Atlas (Edgar Ramirez), dono de uma grandíssima empresa de armas que recebe o seu nome, resolve encarregá-la de encontrar Tina em troca de dinheiro. O resultado de toda essa busca foi a união de um grupo com uma grande potencial destrutivo, planos péssimos e a exploração de Pandora, planeta que escondia um dos maiores mistérios da galáxia.
O maior ponto positivo do longa é sem dúvidas a adaptação dos cenários e caracterização dos personagens. Lilith, apesar de ser interpretada por uma atriz de 55 anos, foi quase uma cópia idêntica dos jogos. As poses, o cabelo, as armas e as roupas entregaram excelência, assim como os outros personagens, com um destaque maior para o Krieg e a animação do robô Claptrap (com a voz de Jack Black). A ambientação também tem enorme relevância, com cenários muito bem construídos. A estética dos veículos, entulhos e construções que mesclavam o 3D com traços de HQ’s serviram como um teleporte para os jogos.

O roteiro do filme não é nada de novo nos cinemas, sendo um clichê divertido que não se submete a grandes promessas, mas tenta inovar (defeituosamente) e entregar um show no fechamento. A história, apesar de simples, ainda era legal de se acompanhar — afinal de contas, não se deve esperar muito de uma equipe sem desenvolvimento algum.
É impressionante como em segundos um personagem, sem nenhum motivo plausível, simplesmente passava a confiar em quem desejava matar ou apagava misteriosamente os rancores que os perseguiam a anos. Cada um tinha seu objetivo na obra e isso ficou tão explícito inicialmente que as ações acabaram se tornando previsíveis, exceto pelo alívio cômico do querido Claptrap, surpreendendo com um senso de humor inexplicável para um aparelho tecnológico.
A montagem do filme parece ter sido pensada com um pouco de preguiça. Os cortes meio agressivos e sem necessidade desagradam bastante, além de diversos erros notáveis em ações repetidas e a facilidade do avanço dos protagonistas na busca de mistérios incompreendidos e estudados por outros a anos. Em contrapartida, o visual cartunesco ajuda a enfatizar o cortejo aos jogos, trazendo um compilado de ótimos momentos de luta e agregando demais na comédia.

Sabe quando te dizem para seguir a receita e sua inovação acaba a estragando? Bom, é o que acontece por aqui. O ato final troca os pés pelas mãos e acaba se perdendo em uma batalha aloprada entre armas super tecnológicas e poderes de herança sanguínea. A investida desnecessária em um plot twist nada impressionante acaba tirando muito do brilho de luta/guerra clássica presente nos jogos e ainda deixa um gostinho de vergonha alheia no ar.
"Borderlands" entrega o que propõe. Assim como várias outras adaptações, diverte, homenageia, trás um efeito nostálgico e serve fan service para quem conhece e gosta da franquia. Porém, o filme acaba pecando pela falta do essencial e o excesso do inconveniente — o que é uma pena, porque a proposta realmente é muito boa e a falta de recursos para desenvolver não seria um problema.
Nota: 2/5
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