CRÍTICA | A verdadeira Dor nem "Neosa" cura
- Victor Lee
- 30 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de jan.

Cair no chão, ralar o joelho, reprovar em uma matéria, ver seu time perder, perder uma pessoa querida, levar um tiro – enfim, assim como a vida real imita a arte, a arte também imita a vida real quando falamos sobre a dor. No geral, a dor é definida como uma sensação desagradável que sinaliza lesões reais ou potenciais. No entanto, podemos destacar a dor em sua forma emocional, causada por gatilhos psicológicos que, por fim, geram sofrimentos que vão além do físico.
Dito isso, entramos, de fato, nesta análise em busca da verdadeira dor. Mas, antes, vamos entender mais sobre o filme que está na corrida pelo Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, com a indicação de Kieran Culkin, e de Melhor Roteiro Original. Afinal, sobre o que é essa obra?
A Verdadeira Dor, conta com roteiro e direção de Jesse Eisenberg, é uma comédia dramática que explora as complexidades das relações familiares e a busca por identidade. A trama acompanha David (Jesse Eisenberg), um pai reservado e pragmático, e Benji (Kieran Culkin), seu primo excêntrico e boêmio. Apesar de suas diferenças, eles embarcam juntos em uma viagem à Polônia para homenagear a avó recentemente falecida, participando de uma excursão que revisita memórias do Holocausto e conecta o grupo às raízes familiares. Durante a jornada, antigas tensões entre os primos ressurgem, transformando a viagem em uma experiência emocionalmente intensa.
À medida que exploram o passado da família e enfrentam as diferenças que os separam, David e Benji são forçados a confrontar suas próprias escolhas e perspectivas de vida. Com momentos de humor e melancolia, o filme oferece uma reflexão profunda sobre memória, legado e reconciliação, equilibrando leveza e emoção em uma narrativa envolvente. Dor Aguda

Um dos principais pontos da trama é a criatividade do roteiro e a função multitarefa de Jesse Eisenberg, que, além de trazer uma história tranquila de contar, não deixa de ser impactante. Sem falar em sua atuação e direção, que se destacam nas tomadas de decisão ao mostrar as diferentes gerações de judeus e como eles ainda podem ter uma conexão tanto com o Holocausto quanto com a religião nos dias atuais.
Eisenberg, sem dúvidas, bebe bastante das referências de outros filmes e diretores para a construção da obra, mas sem deixar de ser linear e honesto com o que queria transmitir — tanto em sua visão quanto na construção dos próprios personagens da história.

Além disso, destaca-se a presença de Mela Melak, diretora de arte e fotografia do filme, que nos conduz por uma experiência visual incrível durante toda a viagem de Benji e David. O longa se beneficia de belas paisagens, ótimas angulações de câmera e uma paleta de cores bem escolhida. Soma-se a isso a escolha da câmera ARRI ALEXA Mini LF e suas diferentes lentes, que enriqueceram a obra com sutileza, fortalecendo o impacto no espectador. Dor Crônica
Mesmo com as múltiplas funções de Jesse Eisenberg, não há como falar de A Verdadeira Dor sem mencionar o GOAT, Kieran Culkin. Se ele vencer o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, será mais do que merecido. O excêntrico Benji rouba a cena sempre que aparece, com seu jeito engraçado, imprevisível e essencial para a conexão tanto com os personagens da trama quanto com o desenvolvimento da história do início ao fim.

Além de carregar o peso de reviver e tentar compreender as dores da avó, os primos mochileiros precisam lidar com a convivência entre si — algo muito semelhante ao que vivemos no dia a dia com familiares e amigos. Esses altos e baixos entre David e Benji tornam o drama envolvente e fazem com que a comédia surja de forma natural, sem exageros, tornando o filme genuíno em suas ideologias. Dor Inflamatória

Por fim, A Verdadeira Dor conquista com seu roteiro criativo e leve, além de ressaltar temas do passado que ainda hoje fazem parte da história de luta e superação dos judeus. Outro ponto de altíssima qualidade abordado no filme é a fotografia e a direção de arte, que carregam e transmitem um forte peso emocional, enriquecendo a atuação dos atores e consolidando Jesse Eisenberg como um aspirante promissor a se tornar um grande diretor no futuro.
Nota: 4/5 ⛰️🚞👥
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