CRÍTICA | A CHAMADA: Tocou e ninguém atendeu?
- Victor Lee
- 24 de ago. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2024
O que você faria para sobreviver se descobrisse que seu carro está programado para explodir? Essa resposta só vai ser respondida em “A Chamada”, filme que está marcado para chegar no dia 24 de agosto aos cinemas brasileiros e estrelado pelo conhecido Liam Neeson. A trama é um remake do longa espanhol “El Desconocido" (2015).

Na versão atual da história, a rotina da família Turner em um dia “normal” como qualquer outro muda quando o executivo de banco, Matt Turner, sai de casa para levar os seus filhos à escola e recebe uma ligação anônima. Após atender ao chamado, ele descobre uma bomba embaixo do seu assento e, rapidamente, sua vida se transforma em uma tortura. Matt precisa enfrentar uma corrida frenética contra o tempo para salvar seus dois filhos Emilly e Zach, mas uma vez que saírem do veículo, a bomba explodirá.
Um dos focos do primeiro ato é uma forte crítica ao uso excessivo de celulares e de outras tecnologias, abandonando qualquer tipo de interação familiar. Matt, principalmente, sempre coloca o trabalho em primeiro plano e ignora simples conversas com os filhos. Esse distanciamento causa um mal estar entre os membros da família. Zach, o filho mais velho, é quem recebe o maior destaque pela relação conturbada com o pai. Além disso, é evidente o desgaste do casamento de Matt com sua esposa, Heather Turner. Apesar das tentativas de aproximação por parte da personagem, ela sente cada dia mais que está perdendo seu marido.
Além de Liam Neeson, o filme conta com Embeth Davidtz, Jack Champion e Noma Dumezweni no elenco. O roteiro é escrito por Andrew Baldwin, Alberto Marini e Ward Parry e a produção assinada por Jaume Collet-Serra, Shanna Eddy e Christoph Fisser, das empresas Atresmedia Cine, Kismet Media e Ombra Films.
O sinal pegou!
O filme é dirigido por Nimród Antal, conhecido por Kontroll (2003), representante da Hungria na edição do Oscar de 2004, pela direção de Servant, série produzida por M. Night Shyamalan e também por dirigir dois episódios de Stranger Things. O cineasta consegue trazer tensão para o filme desde as primeiras ligações anônimas entre o vilão e o protagonista. Os elementos de ação com as cenas dos carros também são bastante presentes e compõem a estética do filme.

Nas atuações, o destaque fica por conta da atriz Lilly Aspell (Mulher Maravilha). Mesmo sendo a mais nova do elenco, consegue extrair as dores e o medo da sua personagem, além de demonstrar um bom entrosamento com seu irmão na trama, o já experiente Jack Champion (Avatar - O Caminho da Água). Ambos dividem as cenas com o pai do ano! O Neeson.
Falando nele, Liam Neeson precisa (mais uma vez) defender sua inocente família, e sabemos o quanto ele manda muito bem nisso. Contudo, não espere por um novo Busca Implacável. Em “A chamada”, poucas cenas de ação são filmadas com o ator, mas isso não tira o mérito de uma boa atuação.
Cobertura? Só na sorveteria
Apesar das cenas tensas e explosivas, o longa não consegue se sustentar e se perde em aspectos simples, como as explicações sem sentido ou até nas perseguições de carro. O roteiro não demonstra constância de tentar sair do usual para algo que possa surpreender o público e realmente te fixar na cadeira do cinema. Embora seja baseado em outro filme, ele não inova e acaba caindo no clichê de filmes como Celular: Um Grito de Socorro.

Outro erro do filme é sua duração, por mais que os personagens estejam sobre rodas, o longa corre para revelar quem está por trás de todos os acontecimentos, desperdiçando o trabalho de Liam Neeson e a relação com os núcleos família e trabalho.
Na verdade, A Chamada não aconteceu. O filme falha na sua principal proposta, o suspense, e se torna mais um clichê de “thrillers de telefone” completamente fraco. Por mais que trabalhe bem com a direção de imagem, como nas angulações das conversas dos personagens e conte com boas atuações, nada disso tira o peso da falta de originalidade e da ausência do clímax para a revelação final do filme.
NOTA: 2/5
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