Cinema Slasher - Fases e Estilos
- Vitor Rocha
- 29 de out. de 2024
- 3 min de leitura

O slasher, subgênero do terror, é alvo tanto de críticas quanto de elogios entre os cinéfilos. Em sua essência, esse tipo de filme baseia-se na ideia de um assassino que persegue e mata um grupo de pessoas usando algum tipo de arma branca.
Naturalmente, um estilo com convenções simples gera divisões. Alguns o veem como um fetiche pela violência, enquanto outros são cativados pela frontalidade do subgênero. Uma coisa é inegável: o slasher é um dos pilares do terror. Com isso em mente, vamos explorar a história desse movimento, passando por seus principais marcos e fases. Para abordar as influências do gênero, utilizaremos como base a obra Anatomy of the Slasher Film: A Theoretical Analysis (Anatomia de um Filme Slasher: Uma Análise Teórica, em tradução livre), do autor grego Sotiris Petridis.
INFLUÊNCIAS
Embora seu início seja considerado na década de 1970, o slasher tem influências de períodos anteriores, especialmente dos anos 1960. Um dos principais arquétipos do gênero é a figura do assassino, frequentemente retratada como um homem adulto com algum distúrbio mental e/ou frustração sexual. Essa ideia, uma das primeiras que vêm à mente quando o assunto é slasher, origina-se em Norman Bates, o icônico personagem do suspense Psicose (1960), dirigido por Alfred Hitchcock. Interpretado por Anthony Perkins, o antagonista mata mulheres que simbolizam o desejo sexual.
Ainda na década de 1960, surge o giallo, subgênero italiano que trouxe legitimidade artística ao terror e influenciou o slasher em alguns aspectos. Elementos do giallo, como cenas de perseguição, mulheres seminuas e mortes violentas, foram incorporados ao slasher.
ANOS 70 A 80 - FASE CLÁSSICA
Após o sucesso dos três principais precursores do gênero — Noite do Terror (1974), O Massacre da Serra Elétrica (1974) e Halloween (1978) —, o slasher começou a ganhar popularidade no cinema americano. Petridis destaca que, a partir desses filmes, diversos outros foram criados na década de 1980 com a mesma premissa: “Um assassino aterroriza uma comunidade jovem em um local isolado e, ao final, geralmente uma mulher sobrevive”, descreve. Entre os derivados dos slashers dos anos 1970, destacam-se as franquias A Hora do Pesadelo e Sexta-feira 13. No entanto, o sucesso do subgênero acabou por desgastar a fórmula, que começaria a se esgotar na fase seguinte.
ANOS 90 - FASE AUTORREFERENCIAL
Com a saturação do gênero, o slasher assumiu uma nova roupagem: a paródia e a metalinguagem. Wes Craven, diretor de A Hora do Pesadelo e Pânico, foi o principal nome dessa era do cinema americano. De acordo com Petridis, a fase metalinguística começa em 1994, com o filme O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger. “No filme, quase todos os atores, produtores e equipe do primeiro filme (A Hora do Pesadelo) interpretam a si mesmos, e Freddy Krueger vem para o mundo real e caça as pessoas que trabalharam no primeiro filme”, relata. Dois anos depois, o próprio Craven criou a franquia Pânico, em que os filmes descrevem diegeticamente as convenções da fase clássica. Apesar da adição da metalinguagem e intertextualidade, a fase autorreferencial foi a mais breve do slasher, encerrando-se logo no início do novo milênio.
ANOS 2000 E 2010 - NEOSLASHERS
Seguindo a análise de Petridis, o slasher se reinventou após o 11 de setembro. O período dos neoslashers se caracterizou por reinterpretar as convenções clássicas, refletir ansiedades sociais contemporâneas e apresentar narrativas diversificadas que desafiam as expectativas do público. Esta nova fase do gênero utiliza a nostalgia como um de seus principais motores, com uma série de remakes como O Massacre da Serra Elétrica (2003) e Natal Negro (2006). Esses remakes refletem um desejo nostálgico por um tempo em que os Estados Unidos eram percebidos como mais fortes, ao mesmo tempo que incorporam o medo e o niilismo resultantes dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Outro aspecto relevante é a mudança das convenções em relação ao período clássico, quando a seleção de vítimas era mais rígida e frequentemente baseada em elementos sexuais, refletindo o pânico moral da época, como o medo da AIDS. Os neoslashers, no entanto, adotam abordagens mais variadas e menos previsíveis, sendo necessário analisar cada filme individualmente. Muitos exploram abordagens mais realistas, como assassinos com relações prévias com as vítimas, enquanto em outros as vítimas são escolhidas aleatoriamente.
Em resumo, o subgênero mudou significativamente ao longo do tempo, refletindo as transformações sociais, políticas e culturais de cada período. Enquanto a fase clássica era marcada pela punição do desejo sexual e por uma sociedade conservadora, os neoslashers emergiram em resposta a novas ansiedades sociais, especialmente após os eventos de 11 de setembro. Com narrativas mais complexas e personagens com motivações mais realistas, os neoslashers mostram uma adaptação do gênero às preocupações contemporâneas, ao mesmo tempo que incorporam nostalgia e inovação.
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