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moqueka

Apenas uma visão sobre o amor

Atualizado: 8 de jun. de 2024



De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento


E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.


“Mas que seja infinito enquanto dure”. Essa talvez seja a frase mais conhecida do Soneto da fidelidade, por Vinicius de Moraes. Em uma primeira análise, o poema nos leva a interpretar que o amor é finito, tem data de validade e, assim como todas as coisas vivas, nasce, se desenvolve e morre. Mas precisa de cuidado, precisa de carinho e de zelo. É como uma planta, que para florescer, necessita ser regada desde a semente.


No entanto, eu venho aqui oferecer uma interpretação diferente sobre o amor. Não quero me gabar de que sou conhecedor dessa tal coisa, mas descubro um pouco mais sobre ele a cada dia. Acordo amando e durmo amando. Então, me desculpe, Moraes, mas hoje, diferente de todas as oportunidades em que tu é citado, você não é o protagonista. Hoje, as palavras da minha vida ganham força para mostrar a você, caro leitor, um pouco do meu amor.


Todo mundo quer ser amado. Essa é uma máxima que carrego comigo sobre o mundo e as pessoas. Todos precisam de um afeto, um carinho, um “eu te amo” sussurrado no ouvido. E por mais que algumas pessoas possam pensar que o amor é desnecessário, amar me ensinou a ser quem eu sou hoje. Estou longe de ser perfeito, é claro, já que erro, erro e erro sempre. Só que eu também acerto. Algumas vezes consigo, outras não. Mas desisto? Nem pensar, afinal, minha motivação para me tornar uma pessoa melhor a cada dia tem 6 letras: A-M-O-R? Não! Amor só tem 4. Onde estão as outras 2?


Era 2019, um ano antes da grande pandemia, e eu estava no pior momento da minha vida. Se você me conheceu nessa época, muito provavelmente não sabe do que estou falando. E se acha que sabe, não faz ideia de como eu estava me sentindo. Um vazio tomou conta de mim. Não só do meu coração, mas também da minha cabeça. Eu dava sinais, queria ser notado, queria chamar atenção. E parece contraditório, mas ao mesmo tempo que queria que soubessem, desejava desaparecer em meio àqueles que eu amo. Queria me sufocar até minha presença ser despercebida e poder só sumir. Não haveria brigas, não haveria alarde e nem haveria falta. Era um plano, de fato. Uma operação cujo objetivo apontava para a linha de chegada.


No entanto, a perfeita organização desorganizou e eu não soube mais o que fazer. Fiquei confuso, mas esclarecido. Ele tinha tocado a campainha e, sem que percebesse, já havia o deixado entrar. A partir disso, foi só ladeira abaixo. Dias dormindo sorrindo, horas que passavam rápido demais e segundos que contava para reviver mais um momento de…amor.


É mais ou menos assim que eu posso tentar explicar a minha concepção sobre esse conceito tão comentado. Um sentimento que para guerras, que une os mais ferozes inimigos e que me deu esperança para me recuperar e não desistir de continuar próximo das pessoas que foram e são tão amáveis comigo. Para mim, amor é a esperança no fim no túnel. Não é o final e nem o durante. É o depois. Por isso, apesar de procurar viver cada momento como se fosse a última vez, o amor para mim é o futuro, é o que está por vir. É o sonho de estar amanhã acordando ao lado da pessoa amada e poder perceber que realizou tudo que vocês, sentados no sofá de casa, planejaram para a vida de vocês.


Eu espero que você, caro leitor, encontre o amor e possa vivenciá-lo da sua forma. Viva ao máximo e não deixe o futuro se esvair pelas suas mãos, porque o momento de sonhar também é o momento de amar.


Enfim, neste ponto do texto, se você ainda não desistiu de ler, espero que tenha percebido sobre a ambiguidade na minha escrita. Pode ler novamente, talvez fique mais claro, ou talvez não, mas esse pequeno manuscrito não foi feito para você ler. Ele é pessoal e apenas uma pessoa é capaz de entendê-lo por completo. Ao mesmo tempo que é uma declaração, também é um pedido de desculpas. Amar me fez sorrir o mesmo tanto que me fez chorar. Às vezes, as lágrimas molhavam o meu rosto sem saber exatamente o porquê, se era felicidade ou tristeza.


Mas amar VOCÊ me fez começar a pensar nos meus rumos e estruturar o meu caminho, já que sempre quis ser o melhor possível para estar ao seu lado. Amar VOCÊ me fez maior, melhor e mais forte. Há tanto para agradecer que não sei nem por onde começar. Na verdade, talvez eu saiba, mas essa parte não cabe aqui. Palavras não conseguiriam expressar o sentimento, mesmo que eu as respeite e saiba de seu poder, não confio nelas para essa missão tão importante. "Se quer algo bem feito, faça você mesmo". Pois, farei. Direi o que já digo pela milésima vez bem na sua frente.


De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento


E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito

porque vai durar.


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